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Nossa Opinião
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A inadmissibilidade do discurso da “nova política” de Mecias

O prefeito Mecias Sateré escreve seus últimos capítulos à frente do governo de Barreirinha comandando uma grande operação para manter seus correligionários no poder e de quebra impor seu filho, Mecias Júnior (Bulleti), na Câmara de vereadores de Parintins. Para o alcance desse audacioso objetivo, além da força da máquina pública, o prefeito passou a utilizar o discurso incoerente da “nova política” que ele supostamente realizou na Terra da Arirambas. Entender o que seria essa “nova política” realizada nesses oito anos de monopólio de Mecias é o X da questão.

Diante da ameaça de perda do poder, Mecias e sua tropa de assessores mudam de estratégia discursiva nesse início de caminhada do ano eleitoral. Ao se apropriarem do discurso comparativo entre “velha” e “nova” política, que até agora não fez sentido na cabeça de muita gente, o grupo dá um tiro no próprio pé. Afinal, o curso tomado pelo prefeito foi o mesmo de velhos figurões da política na cidade. Ou o prefeito esqueceu a enxurrada de compromissos de campanha não cumpridos durante seus dois mandatos e que foram decisivos na sua eleição e reeleição?

Por exemplo, onde é possível enxergar o resultado do investimento do governo Mecias no setor primário nesses últimos 8 anos? Talvez ele tenha esquecido, mas nos palanques de 2008 e 2012 bradava insistentemente pela luta do fortalecimento da economia municipal por meio da produção rural. E onde está o resultado disso? Nossa produção continua sendo muita baixa ante o grande potencial de nossas terras e da força de vontade de nossos ribeirinhos. Falta a assistência prometida no passado. E não cumprir promessas é exemplo daquela política que o prefeito tanto critica.

E o que falar das representações sociais? Associações comunitárias, de bairros e sindicatos, que constituíam a base que carregou o índio ao poder, foram deixados de lado. Muitos de seus membros chegam a falar em traição devido ao desvio político pelo qual tangeu o poder administrativo ao dar atenção maior ao setor privado quando deveria voltar-se para os anseios dos movimentos sociais. Enquanto meia dúzia de empresários (representado principalmente por comerciantes que financiaram as campanhas de Mecias) continuam a expansão de seus patrimônios, facilitados pela prefeitura por meio de diversas negociações polêmicas - há caso até de apropriação de patrimônio público - as associações subsistem à margem do interesse do poder executivo. Conquistar o poder e esquecer-se dos movimentos sociais é, também, prática antiquada da política sem escrúpulos.

Outra prática característica da “velha” política é o controle social por meio dos meios de comunicação. Nunca na história de Barreirinha um prefeito se armou com tantos assessores. Desta forma, eles ocultaram informações, manipularam dados, mentiram para sustentar farsas. A preocupação com a comunicação foi tão longe que até a imprensa de outros municípios foi acionada para sustentar falsas verdades sobre o cotidiano político barreirinhense. Assim, com poucos profissionais da comunicação envolvidos no fluxo de informações gerado no âmbito da política no município, o monopólio do conteúdo sobre os acontecimentos da cidade ficou por esses longos 8 anos sob a angulação da assessoria de imprensa da prefeitura. Manipular a opinião pública para benefício político também é prática antiga na política.

Não se pode deixar de falar sobre as negociações de cargos públicos em troca de apoio. Se não bastasse isso, tais cargos foram negociados com personagens despreparadas para administrar e conhecidas pelas falcatruas cometidas contra a sociedade barreirinhense. O resultado disso apareceu nas condenações do Tribunal de Contas do Estado, que declarou como fichas sujas secretários e até o próprio prefeito. Causar rombos (milionários) nos cofres públicos por irresponsabilidades administrativas é, sem dúvidas, um exemplo de velha política.

Além dos exemplos supracitados, o retardamento na conclusão de obras importantes para a cidade (algumas nem aprontarão) para serem utilizada no período eleitoral, o uso do dinheiro público para financiar candidaturas, e, sobretudo, a soberba e a incapacidade de impedir a subida do poder à cabeça são demonstrações da inadmissibilidade do discurso da “nova política” realizada nesses 8 anos de Mecias.

Longe de ser “o governo que mais fez pelos barreirinhenses”, como bradou o vice e pretenso candidato a prefeito do município, Mario Carneiro, em entrevista à imprensa parintinense, o governo de Mecias jamais será lembrado como divisor de águas que ele e seus correligionários se enganam que foi. Será lembrado, isto sim, pelas águas que inundaram o seu governo ao longo da sua era de poder, um problema que ele não foi capaz de solucionar, ou, no mínimo, amenizar.

Portanto, não se deixe enganar por discursos vazios e sem sustentação factual. Enquanto uma reforma política não for discutida de maneira séria, é inaceitável deixarmos que um político abra a boca para falar de execução de “nova política”. Na prática isso não é possível em nosso país. Se fosse, o prefeito Mecias já teria concluídos as obras que estão em andamento há quase 5 anos. Teria também conversado com professores e funcionários efetivos do município e evitaria o constrangimento de vê-los ir às ruas no dia 31 de dezembro em busca de seus direitos salariais, ou teria ele mesmo ido à câmara de vereadores exigir a votação das suas prestações de conta, as quais foi declarado como ficha-suja pelo TCE. Mas ele não pode fazer isso. Se fizesse, aí então praticaria uma novidade na política. Mas isso jamais acontecerá pelo simples fato dele ser mais um representante da velha e suja política que tanto critica.

Da Redação